quarta-feira, 17 de junho de 2009

Diabetes Mellitus tipo II

A explicação clássica de que o Diabetes Mellitus tipo I é causada por problemas na produção da insulina e que o Diabetes Mellitus tipo II é causado por problemas na atuação da insulina nos seus receptores alvo é bastante difundida. O que não é normalmente esclarecido é como funciona o clássico processo de "resistência" dos receptores em um indivíduo com Diabetes tipo II.

A glicose, para ser internalizada nas células musculares e adiposas, depende da existência de permeases GLUT4 (glucose transporter) na membrana celular externa. Diz-se que essas permeases GLUT4 são sensíveis à insulina porque elas permanecem no interior citoplasmático e só se dirigem para a membrana externa (para promover a entrada de glicose) quando são ativadas por estimuladores liberados por um receptor de insulina.

Em um indivíduo normal, o processo é bem simples:
1- o indivíduo come (carboidratos), há assim a liberação de insulina pelo pâncreas
2- a insulina se liga ao seu receptor, e esse receptor emite sinais para o interior citoplasmático que acabam por desencadear todos os processos que a insulina promove (glicogênese, lipogênese...)
3- um dos sinais que o receptor de insulina emite é o que promove a mobilização de permeases GLUT4 (em células musculares e adiposas) que estavam no interior da célula em vesículas membranosas para a membrana plasmática
4- quando atingem a membrana plasmática, essas permeases GLUT4 promovem a entrada de glicose na célula para ajudar a promover a diminuição da glicemia para as taxas normais


O grande problema é que o número de receptores de insulina é regulado pela quantidade de hormônio circulante. Quanto maior for o nível de insulina no sangue, menor o numero de receptores nas membranas celulares. Isso se deve pelo seguinte fato: assim que a insulina se liga ao seu receptor e provoca a manifestação celular, o conjunto insulina-receptor é internalizado por um lisossomo (a insulina e parte do receptor são degradados, e outra parte é devolvida ao citoplasma).
A ligação da insulina ao receptor determina, assim, uma diminuição temporária no número de receptores na membrana celular. Terminado o estímulo hormonal, o número de receptores é restabelecido por síntese proteica. Quando o nível hormonal é mantido sempre elevado (o indivíduo não para de comer!), a reposição dos receptores não se completa, verificando-se a longo prazo uma significativa redução em seu número. Essa drástica redução no número de receptores de insulina na membrana das células adiposas e musculares é que provoca a ineficiência da insulina no indivíduo, caracterizando-o assim como dotado de Diabetes Mellitus tipo II.

OBS: é imporante lembrar que todo o esquema acima é apenas uma das causas do Diabetes tipo II, pois existem outras causas que apresentarão os mesmos sintomas e acabam levando o mesmo nome (Diabetes tipo II).
OBS2: também é bom lembrar que a interferência genética é um fator importantíssimo na alteração de todo o esquema apresentado.
OBS3: não é somento com o sinal do receptor que o GLUT4 atua. Ela precisa do sinal apenas para atuar de forma EFICIENTE, mas ela ainda funciona (de forma precária) mesmo sem o estímulo.


Referências:
Marzzoco, Anita & Baptista, Bayardo, Bioquímica Básica, 2ª edição, Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro.
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/5771

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