
Desde os primeiros relatos de sintomas que se podem atribuir ao diabetes, há quase 4000 anos, até a atualidade muito se desenvolveu no conhecimento dessa patologia, ao ponto de já terem sido feitos transplantes celulares no começo desse século para a cura da doença.
Os primeiros dados referentes ao diabetes conhecidos remetem à era egípcia: papiros encotrados no século XV antes do filho do homem já descreviam sintomas típicos da doença, porém sem nomeá-la. Entre os Hebreus várias práticas endócrinas foram relatadas. A partir desses relatos, suspeita-se hoje da ocorrência do diabetes gestacional, sendo que o aborto chegou a ser permitido nos casos em que a gravidez apresentasse risco para a vida da mamãe. No século IV a.C., registrou-se o sabor adocicado da urina de certas pessoas na Índia.
No entanto, a descrição de fato do diabetes só foi feita cerca de dois milênios depois, por um médico da região grega da Capadócia, nosso querido Areteu, por volta de 70 d.C.. Esse cidadão, que viveu numa Grécia dominada pelo Império Romano, caracterizada pelo alto grau de cosmopolitização e alto sincretismo religioso, por ter acabado de sair do período helenístico, de domínio macedônio, e estar sob o governo golpista de Vespasiano.... voltando ao diabetes... pois é, esse cidadão observou quatro complicações nos doentes (lembrando que poli se refere a muito): polifagia (fome), polidipsia (sede), poliuria (urina) e poliastenia (fraqueza). Areteu também percebeu que quem tinha esses sintomas, quase sempre, entrava em coma antes de encotrar o Ades, vulgo morrer; era algo "grave e misterioso", pois, mesmo com a fartura de alimentos, a falta de energia era clara. Foi inclusive esse respeitadíssimo que deu o nome à doença de diabetes (que nada tem a ver com as chacretes do diabo). Diabetes, em grego, significa sifão, referência à notável poliuria.
Pulando 1600 anos e desprezando-se a Idade Média e o conhecimento extraocidental, como de praxe na ciência, na década 1670, o médico inglês Thomas Willis provou a urina de vários cidadãos que apresentavam os mesmos sintomas (o que não é recomendável) e descobriu que o negócio era "muitíssimo doce, cheio de açúcar", e deu o nome de Mellitus, referindo-se ao sabor de mel.
Segundo o Cânon da Medicina, de Avicena, em 1775, Dopson identificou a presença de glicose na urina, e Frank classificou o diabetes de duas formas: mellitus, ou vera, e insípida, sem urina doce. Em 1788, Cawley fez a primeira observação por necropsia em um diabético, e Jhon Rollo atribuiu causas gástricas à doença, conseguindo notáveis melhoras com um regime rico em proteínas e gorduras e com pouco carboidratos, e olha que ele nem sabia o que era betaoxidação e gliconeogênese! Somente em 1848 ocorreram os primeiros trabalhos experimentais relacionados ao metabolismo dos glicídios, quando foi descoberto o glicogênio hepático, motivo da aparição da glicose na urina, por excitar os centros bulbonares.
É fácil se perguntar "meu Deus, por que tanto inglês nessa história?". Mais fácil é lembrar que desde o século XV a Inglaterra era a grande credora da Europa e a potência econômica mundial. Agora, se você é tão determinista quanto este texto, deve-se lembrar da ascensão economica da Alemanha após sua unificação em 1870. Pois bem, em 1889, dois cientistas alemães, Von Mering e Minkowski, descobriram que o pâncreas produz uma substância, ou hormônio que consegue controlar o açúcar no sangue. Em 1869, se buscava o suposto hormônio produzidos pelas ilhotas de Langerhans; alguns cientistas estiveram muito próximos de achar, mas não conseguiram.

Em 1921, dois jovens canadenses, Banting e Charles Best, conseguiram isolar a insulina e demonstrar seus efeitos hipoglicêmicos, o que foi uma das maiores conquistas médicas do século XX, por ter transformado a vida dos diabéticos e ampliado o campo experimental e biológico para o estudo da doença e do metabolismo de glicídios.
O primeiro transplante de pâncreas com a finalidade de curar o diabetes foi realizado na Universidade de Manitoba, no Canadá, em 1966.
Em 2004, foi realizado o primeiro transplante de ilhotas de Langerhans para curar o diabetes tipo 1, no Hospital Albert Einstein de São Paulo. Hoje, um centro de excelência nessa área é a Universidade de Alberta, no Canadá. Mesmo assim, o líder de pesquisas nessse tipo de tratamento continua sendo o Brasil. Assim sendo, além de pentacampeões, somos bons com o diabetes! Será aqui a próxima potência como previa Médici?
Referências: